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domingo, 27 de maio de 2012

UM BOSQUE NEGRO DE LUZ



MARIA AZENHA- Portugal


  ele voltou a cabeça.
  não revelou os gestos........que  talvez os olhos
  fossem cegos
  iluminou-se entre pequenas faúlhas de ciprestes
  interpelou as árvores dos bosques com poemas de acenos
  ao crepúsculo,

  estávamos às escuras.
  disse: isto é o mundo

  temos de o percorrer............com  vogais nas mãos
  e os pés unidos........em  forma de borboleta
  colocar asas na boca..........porque  as imagens não
  podem voar para trás.........respirar  nos frutos
  de cara voltada para a luz

  quando fechei o livro,.........ele  tornou a
  voltar a cabeça.
  sabia que dançar é a história do Uni-verso
  vi-o de costas............era  belo
  e cego.


domingo, 20 de maio de 2012

VERSOS ÍNTIMOS





Augusto dosAnjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija.


Gentilmente enviado por Osmar de Oliveira Aguiar