dire

dire

sexta-feira, 21 de junho de 2013

ORDEM E DESORDEM

 



LUIZ MARTINS DA SILVA

Era a tua pedra,
E a nossa vidraça.

Era a tua ira,
E a nossa praça.

Era o teu molotov,
E o nosso palácio.

Era o teu piche,
E as nossas estátuas.

Era a tua barbárie,
E os nossos lemas.

És por acaso um filho
Da mesma Pátria em luta?


Foto- André Dusiake- canal R7

terça-feira, 18 de junho de 2013

ÁGUA E BANHOS




LUIZ MARTINS DA SILVA


Não existe banho de mar,
Quem se banha não é o corpo.
O mar é a própria essência cósmica
De um oceano de energias quânticas.

Não existe banho de rio,
Quem se banha não é o ego.
Os rios são estrelas líquidas
De uma constelação de carícias.

Não existe banho de chuva,
Quem se banha não é a mente.
Chuvas são aspersões do sagrado,
Miríades de pétalas nirvânicas.

Não existe sede de água,
Quem bebe não é a alma.
A água é a própria comunhão divina
De Criador e criaturas.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

ASSOVIO NO ESCURO




LUIZ MARTINS DA SILVA

De verdade, de verdade, não existe.
Ele é só o lado avesso da presença.
Mas, como hei de convencer a criança
De que ele não passa de uma sombra do arcaico?

Hoje, por desígnios de milênios,
Há um silêncio que expande a própria noite,
Feito elástico que só decorou plano de ida,
Momentos de vidas, eu sei, eles jamais voltam.

Imagino reter o mundo no ponteiro dos segundos,
Mas o rio é insistente no seu curso.
Águas se renovam, não os nossos rostos.

Nada há de garantia no cândido acalanto
De que o tempo é uma ilusão dos sentidos
Que só age nestes confins de nossa nebulosa.